Cicilia Peruzzo se preocupa, no referido texto, em fazer um trajeto histórico da atividade de Relações Públicas nos Estados Unidos, onde foi criada, e em seguida explica seu surgimento no Brasil. Após esse retrospecto, ela explica o desenvolvimento da profissão com relação ao aparecimento dos meios de comunicação de massa e também faz um contraponto explicando como a atividade se desenvolve em meio às ações humanas. É dessa forma que se dispõe o texto aqui resumido, primeiro capítulo de seu livro Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista.
A autora, no primeiro momento, faz referências históricas do surgimento da profissão em seu berço norte-americano, traçando um panorama geral da situação: surgimento de monopólios, concentração de riquezas nas mãos de poucos, e conseqüente hostilidade do povo dos Estados Unidos contra o mundo dos negócios por meio da imprensa e de movimentos de pressão contra o governo. É a partir daí que surge a necessidade dos “homens de empresa” virem a público explicar suas atividades exploratórias. Peruzzo destaca Ivy Lee como o precursor das Relações Públicas ao transformar o “velho capitalista voraz” John D. Rockefeller em um “amável ancião”, por meio de técnicas filantrópicas que de certa forma manipularam a opinião pública, porém não mudaram a real situação de exploração do trabalho e da mais-valia, apenas são apresentadas melhores técnicas de persuasão para tal.
No Brasil, embora tenha existido um departamento de Relações Públicas em 1914, Peruzzo explica que é apenas nos anos de 1950 que as Relações Públicas adquirem maior forma. Em 1953 é criado o primeiro curso da área, sob o patrocínio da ONU e da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e, em 1954, nasce a ABRP – Associação Brasileira de Relações Públicas. A profissão tem sua origem pautada nas relações humanas no trabalho, com o surgimento da grande indústria e seus decorrentes problemas de administração do pessoal. A autora destaca, como primeiro departamento realmente nacional de RP, o da Companhia Siderúrgia Nacional, criada por Getúlio Vargas, em 1940. Aliás, Getúlio é um nome forte no âmbito das Relações Públicas, mesmo que não esteja diretamente ligado à profissão. Segundo Peruzzo, ele entendeu o conflito existente entre o elemento patronal e o operariado, e por isso trouxe soluções para o problema, que hoje são conhecidas pelas técnicas de RP. Além disso, criou o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, usado para a difusão do getulismo. Getúlio é retratado como um grande RP por ter procurado harmonizar as relações capital-trabalho, cuidando dos interesses dos trabalhadores e dos interesses do capital em geral. Ela finaliza dizendo que “é no contexto do avanço da industrialização que as Relações Públicas florecem no Brasil. Num contexto em que é almejada a harmonia social.”
Para a conclusão do capítulo, Peruzzo contrapõe o surgimento dos meios de comunicação de massa, que nasce concomitantemente com as Relações Públicas, e a percepção da importância dos estudos sobre as relações humanas. As RP precisam dos meios de comunicação de massa para propagarem as ideologias e pensamentos, bem como dos conhecimentos sobre os relacionamentos interpessoais, já que estes são responsáveis pelo aumento da capacidade produtiva do homem. É dentro dessas perspectivas que a autora discorre sobre a história das Relações Públicas no capitalismo, e inicia a longa reflexão que faz ao longo de seu livro.
Emmanuel dos Santos Ponte
PERUZZO, Cicilia M. K. Relações Públicas na História Recente do Capitalismo. In: Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista. São Paulo: Summus, 1986. p. 19-29.
Nenhum comentário:
Postar um comentário