Candido Teobaldo de Souza inicia seu texto apontando que o ensino das Relações Públicas necessita ser estudado determinando qual o campo operacional da atividade, o que se fará debaixo da denominação Relações Publicas já que a definição conceitual já não é suficiente. Durante a trajetória do texto ele descreve a tentativa de atar a área de aplicação das RRPP (Relações Públicas) a um conceito e uma definição, buscando-se o status de profissão. Entretanto as teorias e a caracterização desse objeto formal não correspondiam às necessidades dos profissionais.
O autor traça uma linha do tempo relatando alguns acontecimentos que fizeram diferença nos modos como as Relações Públicas eram vistas e estudadas. Como em 11 de agosto de 1978, na cidade do México, que se chegou a uma definição da profissão, na I Assembléia Mundial de Presidentes de Associações Nacionais:
"O exercício profissional de Relações Públicas requer ação planejada, com apoio na pesquisa, na comunicação sistemática e na participação programada, para elevar o nível de entendimento, solidariedade e colaboração entre uma entidade e os grupos sociais a ela ligados, num processo de interação de interesses legítimos, para promover seu desenvolvimento recíproco e da comunidade a que pertencem".
O desempenho das Relações Públicas foi pautado no tripé pesquisa, comunicação e participação. Deixando como funções básicas de um RP: assessoria, pesquisa, planejamento, comunicação e avaliação, já instituídas pela Federação Internacional de Associações de Relações Públicas (FIARP), em outubro de 1967, no Rio de Janeiro, durante o IV Congresso Mundial de Relações Públicas.
Candido parte dizendo que o ensino tornar-se-ia mais dinâmico e aberto através da pesquisa e relembra o I Congresso Interamericano Universitário de Relações Públicas, em novembro de 1983, onde se afirmou: "É certo que o trabalho cientifico repousa, essencialmente, no ensino e na pesquisa, complementando-se os dois dentro de uma integração funcional.” Ponto esse defendido pelo autor durante o restante do texto. Após o I Encontro Mundial de Professores de Relações Públicas, em outubro de 1984, em Punta Del Leste, passou a se perceber uma maior interação entre docentes e profissionais, possibilitando a criação de uma teoria das RRPP.
O problema apontado pelo autor para o aperfeiçoamento do ensino das Relações Públicas é a capacidade e a atualização dos docentes. Essa preocupação já aparecia, em 1973, quando da realização do I Encontro Nacional de Professores de Relações Públicas, em Águas de São Pedro (SP), culminou a demanda de criar-se o curso de Pós Graduação a fim de aprimorar o corpo docente de Relações Públicas. Em 1981, em Montevidéu (Uruguai), por ocasião do II Encontro Interamericano de Professores de Relações Públicas, estabeleceu-se prioridade para os Cursos de Especialização, elevando o nível de conhecimento dos profissionais.
O autor retoma seus comentários incitando que o ensino de Relações Públicas não pode focar-se para formar novos profissionais. Ele deve inquietar-se com a atualização de conhecimentos. Ele diz que o cruzamento de conhecimentos e experiências de docentes trazem benefícios para as Relações Públicas, é indispensável o estabelecimento de convênios da Associação Brasileira de Relações Públicas com Escolas ou Universidade que ministram Cursos de Relações Públicas ou afins, no sentido de uma abertura critica por parte de professores, profissionais e entidades de Relações Públicas, no que diga respeito à pesquisa, à produção intelectual, à prática profissional e à participação programada, com debates e seminários, dentro e fora do âmbito escolar.
O autor então, faz uma análise da atividade do Relações Públicas atualmente. Ele diz que hoje, a atividade de Relações Públicas não se restringe às técnicas de comunicação, o papel do profissional de Relações Públicas é muito mais amplo e complexo. Candido diz que o profissional não pode ficar preocupado com meras imagens de suas organizações ou empresas. Tem necessidade de, mediante conceitos e idéias, estabelecer atitudes e opiniões resultantes de debates sobre temas controvertidos de interesse coletivo, ele é muito mais um autêntico administrador de controvérsias públicas.
E por fim, lembra-se das palavras de David Finn, em 1972, quando disse: "O profissional de Relações Públicas não é mais, fundamentalmente, um comunicador; ele é uma espécie de moderador, que trabalha tratando de prevenir e evitar crises".
Marcelo Formigoni da Silva
ANDRADE, Candido Teobaldo de Souza. O ensino das Relações Públicas e as exigências dos novos tempos. Jornal O Público, número 28, agosto/setembro de 1985, páginas 1 e 4. Edição digital online disponível em <http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/teobaldodeandrade/teobaldo01/0051.htm>
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