quinta-feira, 30 de junho de 2011

. O campo profissional de Relações Públicas e a entrada das multinacionais no Brasil: uma análise através da perspectiva da Pesquisa Histórica (1956-1979) - SILVA, Carla Lemos da e BECKER, Gisele

As autoras iniciam o texto tratando de questões históricas, e de como no mundo contemporâneo a aceitação de novos métodos como documentos históricos, facilita o estudo e quebra concepções tradicionalistas de história. E segundo elas, é de acordo com esses novos olhares que elas se propõem a analisar de que formas o campo de trabalho do profissional de relações-públicas se inseriu no contexto brasileiro na década de 50 com a abertura do país às primeiras multinacionais.
Na pesquisa feita, as Relações Públicas são colocadas como um campo que forneceu respaldo, no Brasil, para a inserção de multinacionais no país, mas que sofreu com uma mudança de rumos a partir da década de 50, no início dos planos brasileiros de industrialização com o presidente Juscelino Kubitschek. No ano de 1914, é criado o primeiro departamento de Relações Públicas, pelo Engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo, enunciado como “pai das relações públicas no Brasil”, departamento esse estabelecido na São Paulo Tranway and Power Company Limited.
De acordo com a cronologia apresentada pelas autoras, no ano de 1929, chega ao Brasil a primeira multinacional de propaganda, em 1934 são criados departamentos que garante a difusão cultural, e portanto, dessas propagandas, em diversos setores. Logo em seguida em 1939, surge o Departamento de Imprensa e Propaganda, e em 1942 a primeira revista federal que trata do assunto. Já no ano de 1946, são definidas as atividades de relações públicas no país, para em 1949 serem realizadas uma série de conferências abordando o tema e relacionando com a Propaganda e as Ciências Sociais.
Nos anos 50, porém com o aumento da industrialização no país e com o “Plano de Metas”, instalaram-se no país as primeiras multinacionais, amparadas por grandes incentivos. É nesse contexto que surge a abertura das relações públicas no Brasil, que foram praticamente inseridas para atender exclusivamente esse tipo de empresas. E a partir de então as mudanças para o campo das relações públicas começaram a ser maiores, com a abertura do primeiro departamento verdadeiramente nacional de Relações Públicas, a primeira empresa de prestação de serviços na área, e o primeiro curso regular de formação de profissionais de RP.Com a Ditadura Militar instaurada no Brasil, depois do golpe de 1964, e com os tempos de repressão, principalmente às comunicações, as ações do relações-públicas torna-se um pouco mais restrita, sendo basicamente comunicação de caráter informativo interno, assessoria de imprensa e realização de eventos. Durante os anos 70, acontece o I Congresso Brasileiro de Relações Públicas realizado em Petrópolis (RJ) e também a criação da Associação Profissional de Profissionais de Relações Públicas (APPRP) do Rio de Janeiro, além da formulação da definição operacional da atividade de relações públicas; sendo as três coisas, grandes conquistas do campo no Brasil.
Portanto pode-se concluir que as autoras mostram que a profissão de Relações Públicas teve grande importância no Brasil, transformando-se de uma atividade simplesmente informativa, para se tornar uma área atrelada à gestões de diversos tipos, seja de pessoas, de poderes ou de públicos, contribuindo muito para a facilitação de planos políticos dos últimos 50 anos, principalmente da era  de industrialização nacional.

Leonardo T. Marques


SILVA, Carla Lemos da; BECKER,  Gisele. O campo profissional de Relações Públicas e a entrada das multinacionais no Brasil: uma análise através da perspectiva da Pesquisa Histórica (1956-1979). UNIrevista. vol. 1, n° 3, julho de 2006. Edição digital on-line: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_SilvaBecker.PDF

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