De acordo com Margarida Kunsch, para pensar as Relações Públicas no Brasil, devemos levar em conta sua vinculação com o contexto vivido pela nação brasileira em diferentes momentos, pois foi justamente nos períodos democráticos que a nossa área encontrou suas maiores possibilidades para sua alavancagem e florescimento.
Kunsch afirma que na década de 60, apesar da ditadura militar e das influências negativas para o reconhecimento das Relações Públicas, os homens do coronel Costa transformaram a AERP na operação de Relações Públicas mais profissional que o Brasil já vira: uma equipe que decidia sobre os temas e o enfoque geral, depois contratava agências de propaganda para produzir documentários para TV e cinema, juntamente com matérias para os jornais; mas acredita também que a atuação agressiva dessa assessoria contribuiu para formar um conceito negativo da essência das Relações Públicas junto a formadores e multiplicadores de opinião, então a atividade da AERP passou a ser vista como suspeita e enganosa nos meios intelectuais, artísticos, sindicais e da mídia. Como os militares que atuavam em Relações Públicas na área do Governo tinham acesso direto e privilegiado aos dirigentes de empresas, passaram a estes a idéia de que a função de Relações Públicas representaria um “poder oculto” dentro de suas organizações.
Segundo Kunsch, o desenvolvimento das Relações Públicas, tanto na década de 60 quanto na de 70, ocorreu de uma práxis de convívio um tanto suspeito com o regime vigente, principalmente em razão de dois fatos: O de que a atividade era de interesse dos militares, e de que a própria estratégia de Relações Públicas adotada a partir da gestão do General Médici virou um paradigma para todo o serviço público e se reproduziu até mesmo em algumas grandes empresas. Deriva daí, de acordo com Kunsch, a grande expansão desse mercado para os jornalistas, que passaram a ser contratados para a produção de trabalhos de nossa área, e isso levou a uma grande crise entre os profissionais de Relações Públicas.
No texto, a autora cita o Professor Walter Ramos Poyares porque ele propõe que, em muitos casos, os profissionais de RP poderiam agir como verdadeiros ombudsmen, canalizando a vontade do povo em causas por seu bem-estar, mas tudo isso deveria obedecer à metodologia mais moderna de comunicação. Os profissionais de RP são compreensão e podem, nessa qualidade, trabalhar para a transformação dos fundamentos que definem o regime democrático brasileiro em realidade: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
Amanda dos Reis Alonso
KUNSCH, Margarida M. Krohling. História das Relações Públicas no Brasil: retrospectiva e aspectos relevantes. Idade Mídia, São Paulo, ano I, n.2, nov/2002. Edição digital online: http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/memoria/0242.pdf
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