Christiane Costa aborda em sua tese, a partir do avanço tecnológico, todas as transformações existentes na profissão de Relações Públicas no Brasil. Ela considera o fato de que, para entender essas mudanças, foi preciso elaborar um levantamento histórico da profissão desde o momento em que chegou ao país. Para contextualizar o leitor, ela diz que os primórdios da profissão ocorreram com vertentes de modelos norte-americanos e canadenses, até – muito tempo depois - a profissão poder ser consolidada no país. A abordagem da autora percorre por diversos pontos, tais como o perfil dos profissionais que o mercado exigia na época, a formação acadêmica deles, a regulamentação da profissão e, por fim, o avanço da tecnologia e a globalização que também acabaram por influenciar todo o aparato histórico.
Segundo Christiane, as atividades de RP existem desde 1807, quando o presidente dos Estados Unidos - na época-, Thomas Jefferson, empregou o termo “Relações Públicas” em uma mensagem para o Congresso, no intuito de destacar a necessidade de um ‘estado de espírito’ entre o governo e o povo. Desde então, os modelos de comunicação foram tornando-se mais complexos, dinâmicos e agressivos, fazendo com que a profissão fosse moldada aos poucos às necessidades das organizações e dos públicos específicos, até a sua consolidação propriamente dita.
O contexto histórico abordado por Christiane inicia-se com as primeiras atividades de Relações Públicas, que se fizeram presentes no Brasil em 1911, no âmbito da administração pública, através de Serviços de Informações do governo. Os trabalhos realizados eram de vertentes da Assessoria de Imprensa, divulgação e comunicação institucional. Na época, segundo ela, houve uma problemática de comercialização internacional de alguns produtos agrícolas e, com isso, a propaganda, a formação de opinião pública da classe dominante e a prestação de contas de serviços tomaram espaço.
Porém, ela diz que as primeiras atividades realmente oficiais de Relações Públicas só foram registradas em 1914, com a criação do Departamento de Relações Públicas da Eletropaulo (antiga The São Paulo Tramway Light and Power Co.), onde – pelo fato das relações de gerenciamento obtiverem sucesso e prestígio – a profissão se consolidou ainda mais.
Para Christiane, o governo de Getúlio Vargas foi o governo que mais deu visibilidade para as atividades de RP, pois, em 1938, foi criado sob decreto da presidência, o DNP (Departamento Nacional da Propaganda), onde atividades relacionadas à educação nacional, exercício de censura e controle de todos os meios de comunicação tinham maior importância. Depois disso, segundo ela, em 1939, Vargas criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), onde os serviços englobados eram de propaganda, publicidade, rádio-difusão, imprensa, diversões públicas e turismo. Serviços estes não necessariamente de Relações Públicas, mas que abrangiam a divulgação e a comunicação institucional, atividades tipicamente de atuação do RP.
Além desses dados históricos, Christiane aborda o fato de que, nas décadas de 1950 e 1960, a Comunicação diversificou-se e, com isso, surgiram diversos veículos de comunicação, como por exemplo, a televisão, os conglomerados de jornais, revistas e rádios, as agências de propaganda e, primordialmente, o surgimento da Internet. Para ela, essa foi a época em que as atividades de Relações Públicas começaram a serem valorizadas de fato e a serem tidas como atividades empresariais.
Segundo a autora, essa fase de mudanças e de consolidação da profissão esteve sempre diretamente ligada às mudanças políticas, sociais e econômicas do país. Christiane afirma que, com o passar do tempo e com as outras determinações da história, o ser humano por si só passou a ser mais informado sobre tudo e, por sua vez, a exigir um profissional como este nas organizações, já que, de acordo com a autora, estas prezam o fortalecimento de suas relações com o mercado.
De acordo com a conclusão da autora, as tecnologias e a Internet possibilitaram ao profissional de RP uma comunicação mais eficaz, mais presente no cotidiano dos públicos e contribuíram, por sua vez, para a existência de um relacionamento saudável e para a capacitação da atuação nas oportunidades do mercado.
Daniele Modanez
COSTA, Christiane Gonçalves. Relações Públicas e Tecnologia: A história das Relações Públicas no Brasil sob o Enfoque da Internet. Brasília – DF: Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília. UNB. 2006. p. 18 – 21. Edição digital on-line: http://repositorio.bce.unb.br/handle/10482/3292
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