Como avaliar a trajetória de uma profissão no término de seu primeiro século e entender as evoluções e as transformações obtidas ao longo de cem anos? Segundo o autor deste artigo, essa avaliação deve ser feita a partir de um olhar revolucionário, tanto na visão do mercado, quanto no da academia. Para poder traçar esta visão, no entanto, é necessário olhar o passado e, num trabalho característico de Relações Públicas, valorizar as conquistas e entender os problemas.
Kunsch realiza uma ampla revisão bibliográfica sobre a área e divide em onze subtópicos os resultados desta pesquisa. Primeiramente, o autor mostra o início das Relações Públicas modernas, citando, como um dos livros mais antigos “escritos sobre a profissão”, a obra Retórica, de Aristóteles, entre outras obras precursoras da oficialização da profissão. Num segundo tópico, o autor comenta a controvertida paternidade da atividade, dividida entre os trabalhos de Ivy Lee e as obras de Edward Bernays, o primeiro professor de Relações Públicas em uma universidade. Depois disso, Kunsch mostra o incremento da profissão, através de outros pioneiros e promove a discussão entre esta prática versus teoria e processo.
Nos tópicos seguintes, o autor discorre sobre as Relações Públicas no Brasil, falando sobre o pioneirismo de Eduardo Pinheiro Lobo e de Teobaldo de Souza Andrade, a institucionalização das Relações Públicas durante a década de 1950, a regulamentação da atividade na década seguinte e o distanciamento da sociedade por conta do ufanismo e da retórica exageradas na década de 1970. Kunsch ainda destaca os novos rumos em que a profissão se encaminha nos anos seguintes, nas áreas organizacional e acadêmica, e ainda com a incrementação das Relações Públicas comunitárias.
Na década de 1990, segundo o autor, começou a se repensar a profissão mediante as novas realidades geopolíticas e houve a criação e o fortalecimento de conselhos específicos para esta área. Nos últimos tópicos deste artigo, Kunsch mostra algumas visões de autores como França, Teixeira, Kunsch, Sriramesh e Vercic sobre as perspectivas acerca do segundo século de oficialização da profissão. Por fim, o autor conclui seu trabalho relatando sua grande abrangência e destacando o amadurecimento da profissão e as expectativas para um promissor futuro.
Kunsch consegue, neste artigo, mostrar um pouco da história das Relações Públicas e realizar, pelo resgate da memória da profissão e por uma visão ampla das realidades propostas, uma obra de valorização desta atividade, que serve de referência para profissionais de comunicação e leigos que queiram saber mais, além dos estereótipos, sobre Relações Públicas.
Maira Masiero
KUNSCH, Waldemar Luiz. Do mercado à academia: as relações públicas em seu primeiro centenário (1906-2006). In: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, v.29, n.2, p. 55-87, jul./dez. 2006. Edição digital on-line: http://www.portcom.intercom.org.br/ojs-2.3.1-2/index.php/revistaintercom/article/viewFile/213/206.
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